MYRTACEAE

Myrceugenia foveolata (O.Berg) Sobral

Como citar:

Raquel Negrão; Marta Moraes. 2019. Myrceugenia foveolata (MYRTACEAE). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

VU

EOO:

4.863,229 Km2

AOO:

56,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Sim

Detalhes:

Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019), com ocorrência nos estados: RIO GRANDE DO SUL, municípios Cambará do Sul (Sobral 2861), Caraá (Grings 1722), Caxias do Sul (Sehnem 2494), Maquiné (Sobral s.n.), Morrinhos do Sul (Molz s.n.), São Francisco de Paula (Wasum s.n.), São Leopoldo (Sonego s.n.), Santo Antônio da Patrulha (Senna 485) e Torres (Waechter 2453); SANTA CATARINA, municípios Praia Grande (Verdi 5923). Segundo a Flora do Brasil 2020 a espécie ocorre no estado do Rio de Janeiro, porém os voucher não foram encontrados.

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2019
Avaliador: Raquel Negrão
Revisor: Marta Moraes
Critério: B1ab(i,ii,iii,iv)+2ab(i,ii,iii,iv)
Categoria: VU
Justificativa:

Árvores de 8 m de altura, endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2018). Ocorre nos domínios da Mata Atlântica (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019). Popularmente conhecida por guamirim, foi coletada nos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Apresenta EOO= 4506 km², AOO= 60 km² e até sete situações de ameaça. O desmatamento, as atividades de agricultura, pecuária e mineração (Medeiros et al., 2005; Narvaes et al. 2008; DNPM, SIGMINE, 2019; Lapig, 2019) são os principais responsáveis pelo declínio de EOO, AOO, qualidade do habitat e de subpopulações. Informação atualizada indica que restam apenas 12,4% (16,2 milhões de hectares) de florestas nativas mais preservadas acima de 3 hectares na Mata Atlântica, tendo sido desmatados 87,6% da área original do bioma (SOS Mata Atlântica e INPE, 2019). No estado do Rio Grande do Sul atualmente restam apenas 7.9% da Mata Atlântica original e no estado do Paraná apenas 11.8% de floresta nativa (SOS Mata Atlântica e INPE, 2019). A espécie foi considerada "Em perigo" (EN) em avaliação de risco de extinção anterior, em nível nacional (MMA, 2014). A recente revisão das coleções e inclusão de registros alterou a distribuição da espécie para além dos limiares de risco da categoria de acordo com o aumento no número de situações de ameaça. Portanto, a espécie passa a ser avaliada de acordo com a categoria "Vulnerável" (VU), em razão de distribuição restrita associada a declínio por causas não cessadas. A espécie não apresenta dados populacionais atuais e ocorre em apenas uma Unidade de Conservação de proteção integral. Portanto, são necessárias ações de pesquisa (para atualização da informação sobre tamanho e tendências populacionais), monitoramento das populações encontradas recentemente e ações de conservação (programas de conservação ex situ).

Último avistamento: 2017
Quantidade de locations: 7
Possivelmente extinta? Não
Razão para reavaliação? Other
Justificativa para reavaliação:

A espécie foi avaliada pelo CNCFlora em 2013 (Martinelli e Moraes, 2013) e consta como "Em perigo" (EN) na Portaria MMA 443/2014 (MMA, 2014), sendo então necessário que tenha seu estado de conservação reavaliado após 5 anos da última avaliação.

Houve mudança de categoria: Sim
Histórico:
Ano da valiação Categoria
2012 EN

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Descrita em: Roessleria 8: 43. 1986. Conhecida pelo nome popular Guamirim (Ebling et al. 2014).

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Desconhecido
Detalhes: Não é conhecido o valor econômico da espécie.

População:

Flutuação extrema: Desconhecido
Detalhes: A espécie apresenta uma média de 6,1 indivíduos por hectare na Floresta Ombrófila Mista da Floresta Nacional de São Francisco de Paula (Kanieski, 2010).
Referências:
  1. Kanieski, M.R., 2010. Caracterização florística, diversidade e correlação ambiental na Floresta Nacional de São Francisco de Paula, RS. Dissertação de mestrado. Universidade Federal de Santa Maria.

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: tree
Longevidade: perennial
Biomas: Mata Atlântica
Vegetação: Floresta Ombrófila (Floresta Pluvial)
Fitofisionomia: Floresta Ombrófila Mista
Habitats: 1.9 Subtropical/Tropical Moist Montane Forest
Detalhes: Árvores de até 8 m de altura (Jarenkow 2233), ocorrendo nos domínios da Mata Atlântica, na floresta Ombrófila pluvial (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019).
Referências:
  1. Myrtaceae in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.Disponível em: <http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB10639>. Acesso em: 06 Jun. 2019

Ameaças (6):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 5.3 Logging & wood harvesting habitat,mature individuals past,present,future regional high
A Floresta Ombrófila Mista em que a espécie ocorre, no Rio Grande do Sul, vem sofrendo com o corte seletivo de madeira (Narvaes et al. 2008).
Referências:
  1. Narvaes, I.D.S., Longhi, S.J., Brena, D.A., 2008. Florística e classificação da regeneração natural em Floresta Ombrófila Mista na Floresta Nacional de São Francisco de Paula, RS. https://tspace.library.utoronto.ca/handle/1807/44978 (acesso em: 6 de junho 2019).
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.1 Annual & perennial non-timber crops habitat past,present,present regional high
​A Floresta Ombrófila Mista em que a espécie ocorre, no Rio Grande do Sul, vem sofrendo com o corte raso para a expansão de atividades agrícolas (Narvaes et al. 2008).
Referências:
  1. Narvaes, I.D.S., Longhi, S.J., Brena, D.A., 2008. Florística e classificação da regeneração natural em Floresta Ombrófila Mista na Floresta Nacional de São Francisco de Paula, RS. https://tspace.library.utoronto.ca/handle/1807/44978 (acesso em: 6 de junho 2019).
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 5.3 Logging & wood harvesting habitat past,present,future regional very high
No Brasil, a área original de Floresta Ombrófila Mista (Floresta de Araucária) ,era de aproximadamente 200.000 a 250.000 km², ocorrendo com maior intensidade nos Estados do Paraná (40%), Santa Catarina (31%), Rio Grande do Sul (25%), com manchas esparsas no sul de São Paulo (3%), internando-se até o sul de Minas Gerais e Rio de Janeiro (1%). Esta formação vegetacional, típica da Região Sul do Brasil, abriga componentes arbóreos de elevado valor comercial,como a Araucaria angustifolia (pinheiro) e Ocotea porosa (imbuia), por isso esta floresta foi alvo de intenso processo de exploração predatório. Atualmente os remanescentes florestais não perfazem mais do que 1% da área original, e suas espécies arbóreas estão relacionadas na lista oficial de espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção. A Floresta Ombrófila Mista teve significativa importância no histórico de ocupação da Região Sul, não somente pela extensão territorial que ocupava, mas principalmente pelo valor econômico que representou durante quase um século. No entanto, a intensidade da exploração madeireira, desmatamentos e queimadas, substituição da vegetação por pastagens, agricultura, reflorestamentos homogêneos com espécies exóticas e a ampliação das zonas urbanas no sul do Brasil, iniciados nos primeiros anos do século XX, provocaram uma dramática redução da área das florestas originais na região (Medeiros et al., 2005).
Referências:
  1. Medeiros, J.D., Savi, M.; Brito, B. F. A., 2005. Seleção de áreas para criação de Unidades de Conservação na Floresta Ombrófila Mista. Biotemas 18: 33-50
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 2.3 Livestock farming & ranching habitat past,present,future local high
O município de Morrinhos do Sul com 16544 ha tem 40,3% de seu território (6673 ha) transformado em pastagem. No municipio de Caraá, cerca de 49% do territorio municipal corresponde a área de pastagem O município de Maquiné com 62169 ha tem 26,1% de seu território (16283 ha) transformado em pastagens. O município de Osório com 66355 ha tem 56,4% de seu território (374389 ha) transformado em pastagens (Lapig, 2018).
Referências:
  1. Lapig, 2018. http://maps.Lapig.iesa.ufg.br/Lapig.html (acesso em 08de novembro 2018).
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2 Agriculture & aquaculture habitat past,present,future local high
O município de Cambará do Sul com 120865 ha, tem 69% de seu território ocupado com floresta plantada (25669 ha), lavoura de milho (450 ha), pastagem (57317 ha) (Lapig, 2019).
Referências:
  1. Lapig, 2019 http://maps.lapig.iesa.ufg.br/lapig.html acesso em 17 de maio 2019.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 3.2 Mining & quarrying habitat present,future local high
Para a região do município de Cambará do Sul há protocolos atuais de autorização de pesquisa para mineração de Riólito. Para a região do município de São Leopoldo há protocolos atuais de autorização de pesquisa para mineração de Antracito, linhito Sapropelito e argila (DNPM, SIGMINE, 2019).
Referências:
  1. DEPARTAMENTO NACIONAL DE PRODUÇÃO MINERAL - DNPM. SIGMINE: Informações Geográficas da Mineração. http://sigmine.dnpm.gov.br/webmap/, (acesso em 22 de junho 2019).

Ações de conservação (3):

Ação Situação
1.1 Site/area protection on going
A espécie ocorre na Floresta Nacional de São Francisco de Paula (RS; Narvaes et al. 2008).
Ação Situação
5.1.2 National level on going
A espécie avaliada como "Em perigo" está incluída no ANEXO I da Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção (MMA, 2014).
Referências:
  1. Ministério do Meio Ambiente (MMA). Portaria nº 443/2014. Anexo I. Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção. Disponível em: http://dados.gov.br/dataset/portaria_443. Acesso em 14 de abril 2019.
Ação Situação
1.1 Site/area protection needed
A espécie ocorre em um território que será contemplado por Plano de Ação Nacional (PAN) Territorial, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção : Território Espírito Santo - 33 (ES)

Ações de conservação (1):

Uso Proveniência Recurso
17. Unknown
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.